O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), teve que entrar em campo hoje para tentar pôr um ponto final no bate-boca público que alimenta a guerra interna entre tucanos de São Paulo e de Minas Gerais. "A grande verdade é que tratar de candidatura presidencial agora é uma ação que agride o bom senso e beira o ridículo", disse Guerra, passando um "pito" nas duas alas que disputam poder no partido.
A tensão entre paulistas e tucanos atingiu seu ponto máximo esta semana, quando o presidente do PSDB de Minas, deputado Narcio Rodrigues, cobrou dos paulistas o respeito à "fila de presidenciáveis" da legenda, onde, a seu ver, o senador eleito Aécio Neves ocupa hoje o primeiro lugar.
Guerra adverte que, em vez de fazer ataques, os tucanos devem se esforçar para que não apenas os líderes, mas também os eleitores dos dois Estados onde se concentra a principal base política do PSDB, caminhem juntos em torno de um projeto nacional.
Em tom ameno, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) admite que é muito cedo para tratar de sucessão e adverte que paulistas e mineiros precisam uns dos outros para chegar ao Palácio do Planalto. Mas lembra que, desde que foi criado em 1988, o PSDB só lançou paulistas à Presidência e que os mineiros entendem que Aécio é o próximo candidato.
"Vão ter que nos engolir", declarou Narcio Rodrigues ao jornal O Estado de S. Paulo ontem, em resposta à entrevista do presidente do PSDB da capital paulistana, José Henrique Reis Lobo, ao Portal do Estadão no final de semana. Na fala de Lobo, Aécio foi citado apenas como um nome em meio ao "conjunto de novas lideranças que emergiu das urnas". Narcio afirmou que não reconhecia autoridade em Lobo para discutir o projeto nacional.
Embora o presidente nacional do partido tenha feito sua intervenção em tom de advertência a todos, esta afirmativa do mineiro mereceu um puxão de orelhas em particular. "O companheiro Lobo é pessoa conhecida no partido, preside o diretório municipal de São Paulo e tem todo o direito de emitir seus pontos de vista", defendeu Guerra, lembrando que também tomara a defesa dos mineiros quando Xico Graziano, que trabalhara na campanha do candidato José Serra, insinuou na rede de microblogs twitter que Aécio era o culpado pela derrota em Minas Gerais.
Antes de Guerra se manifestar, o próprio Lobo redigiu uma nota em resposta a Narcio Rodrigues. Disse aos companheiros que iria pôr panos quentes na fervura da briga, mas abriu o texto de 11 linhas dizendo que o deputado mineiro não leu sua entrevista ao Portal, "ou está querendo um pretexto para polemizar". Afirmou que não há uma palavra sua que possa ser tomada como "desconsideração pelo nome de Aécio Neves como candidato a presidente em 2014", mas deixou claro nas entrelinhas que não raciocina com o conceito da fila de presidenciáveis.
Lobo argumentou que este assunto não estava em pauta e que considera "prematuro" discutir quem será o candidato daqui a quatro anos. Em seguida, afirmou que, "se o nome do senador mineiro vier a ser escolhido, tem certeza de que o PSDB de São Paulo trabalhará sem tréguas para elegê-lo". E arrematou em tom de ironia, dizendo que a expressão "vão ter que nos engolir" não era a "mais elegante para se referir aos paulistas".
Christiane Samarco - Agência Brasil
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