Total de visualizações de página
domingo, 24 de outubro de 2010
SEM MÊDO DO PASSADO:CARTA ABERTA DE FHC A LULA
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.
Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.
“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.
(José Eduardo Dutra)
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
Fonte: Manifesto em Defesa da Democracia
sábado, 23 de outubro de 2010
BRINCADEIRA TEM HORA
Em primeiro lugar, o presidente Luiz Inácio da Silva é a última pessoa com autoridade moral para falar em farsas ou em "mentira descarada", visto que é protagonista da maior delas: a falácia segundo a qual recebeu uma "herança maldita" e que estabilidade econômica, a abertura do Brasil para o mundo, o crescimento e a entrada de milhões do mercado consumidor deve-se exclusivamente ao seu governo.
Há pouco seu governo inteiro junto com sua candidata à Presidência produziram "mentiras descaradas" ao repudiarem as denúncias de que havia na Receita quebras de sigilo fiscal de adversários políticos e que um esquema de tráfico de influência e corrupção estava montado a partir da Casa Civil.
Lula também se precipitou ao atribuir as quebras de sigilo a uma "briga de tucanos". Baseava sua tese no fato de o mandante ser repórter do Estado de Minas sem saber que à época Amaury Ribeiro estava em férias a serviço de outrem.
O presidente da República dá razão ao antecessor que o chama de "chefe de uma facção", quando escolhe insuflar a violência no lugar de contribuir para apaziguar os ânimos.
É o que faria um estadista.
Justiça se faça, Lula não ficou só em sua tentativa de ridicularizar o episódio. Muitos na imprensa partiram para ironias, achando um exagero a reação de José Serra atingido, afinal, só por "uma bolinha de papel".
Foram duas imagens captadas em dois momentos diferentes, comprovou-se ao longo do dia. Mas, ainda que o candidato tucano tenha feito drama, continuam sendo inaceitáveis os ataques de militantes contrariados com a passagem do tucano pelas ruas de Campo Grande (RJ). Brincar com isso é má-fé, tratar como banal a violência eleitoral e, sobretudo, não entender o valor em jogo.
Impedir um ato de campanha com tumultos é violência. Bem como foi violência atirar um balão cheio de água sobre o carro onde estava a candidata Dilma Rousseff ontem em Curitiba. O balão não a atingiu, mas poderia ter atingido. Ainda assim resta a intenção: agredir.
O presidente da República condenará uma violência, mas aprovará a outra? Ou dirá que estava apenas condenando o "teatro" do adversário? Nisso não é crítico autorizado.
É partícipe e mesmo condutor de uma caminhada em direção ao retrocesso: a nos tornarmos permissivos com o uso da violência na política, assim como já estamos no rumo de revogar a integralidade do preceito do livre pensar.
Ovos da serpente. É assim que começa: a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou projeto de um conselho para atuar entre outras funções no "exercício fiscal sobre a prática da comunicação".
Em Goiás, a TV Brasil Central, do governo do Estado, não pode entrevistar adversários políticos.
O projeto de controle da mídia foi iniciativa de uma deputada estadual do PT cearense, aprovado por unanimidade, e ainda precisa passar pelo crivo do governador Cid Gomes.
A censura foi denunciada, num gesto inédito, ao vivo pelo jornalista Paulo Beringhs, proibido de entrevistar o candidato ao governo Marconi Perillo (PSDB), chamado no dia anterior de "mau caráter" pelo presidente Lula em palanque.
Liberdade e luta. Já que Chico Buarque puxou o assunto ao manifestar seu encanto com o fato de o governo Lula "não falar fino com Washington nem falar grosso com Bolívia e Paraguai", vamos ao fato: o governo brasileiro não deveria é falar fino com ditaduras.
Aliás, o mundo da cultura, que sofreu pesadamente os efeitos da durindana local, nos últimos anos não se incomodou - se o fez não foi em voz alta - com a maleabilidade das vértebras do presidente Lula diante de tiranos.
A complexidade das relações exteriores não cabe em um jogo de palavras. Já a condenação aos crimes das ditaduras às quais o Brasil se dobra para espanto do mundo requer apenas dois atributos: coerência e solidariedade.
Independentemente da opinião eleitoral.
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Há pouco seu governo inteiro junto com sua candidata à Presidência produziram "mentiras descaradas" ao repudiarem as denúncias de que havia na Receita quebras de sigilo fiscal de adversários políticos e que um esquema de tráfico de influência e corrupção estava montado a partir da Casa Civil.
Lula também se precipitou ao atribuir as quebras de sigilo a uma "briga de tucanos". Baseava sua tese no fato de o mandante ser repórter do Estado de Minas sem saber que à época Amaury Ribeiro estava em férias a serviço de outrem.
O presidente da República dá razão ao antecessor que o chama de "chefe de uma facção", quando escolhe insuflar a violência no lugar de contribuir para apaziguar os ânimos.
É o que faria um estadista.
Justiça se faça, Lula não ficou só em sua tentativa de ridicularizar o episódio. Muitos na imprensa partiram para ironias, achando um exagero a reação de José Serra atingido, afinal, só por "uma bolinha de papel".
Foram duas imagens captadas em dois momentos diferentes, comprovou-se ao longo do dia. Mas, ainda que o candidato tucano tenha feito drama, continuam sendo inaceitáveis os ataques de militantes contrariados com a passagem do tucano pelas ruas de Campo Grande (RJ). Brincar com isso é má-fé, tratar como banal a violência eleitoral e, sobretudo, não entender o valor em jogo.
Impedir um ato de campanha com tumultos é violência. Bem como foi violência atirar um balão cheio de água sobre o carro onde estava a candidata Dilma Rousseff ontem em Curitiba. O balão não a atingiu, mas poderia ter atingido. Ainda assim resta a intenção: agredir.
O presidente da República condenará uma violência, mas aprovará a outra? Ou dirá que estava apenas condenando o "teatro" do adversário? Nisso não é crítico autorizado.
É partícipe e mesmo condutor de uma caminhada em direção ao retrocesso: a nos tornarmos permissivos com o uso da violência na política, assim como já estamos no rumo de revogar a integralidade do preceito do livre pensar.
Ovos da serpente. É assim que começa: a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou projeto de um conselho para atuar entre outras funções no "exercício fiscal sobre a prática da comunicação".
Em Goiás, a TV Brasil Central, do governo do Estado, não pode entrevistar adversários políticos.
O projeto de controle da mídia foi iniciativa de uma deputada estadual do PT cearense, aprovado por unanimidade, e ainda precisa passar pelo crivo do governador Cid Gomes.
A censura foi denunciada, num gesto inédito, ao vivo pelo jornalista Paulo Beringhs, proibido de entrevistar o candidato ao governo Marconi Perillo (PSDB), chamado no dia anterior de "mau caráter" pelo presidente Lula em palanque.
Liberdade e luta. Já que Chico Buarque puxou o assunto ao manifestar seu encanto com o fato de o governo Lula "não falar fino com Washington nem falar grosso com Bolívia e Paraguai", vamos ao fato: o governo brasileiro não deveria é falar fino com ditaduras.
Aliás, o mundo da cultura, que sofreu pesadamente os efeitos da durindana local, nos últimos anos não se incomodou - se o fez não foi em voz alta - com a maleabilidade das vértebras do presidente Lula diante de tiranos.
A complexidade das relações exteriores não cabe em um jogo de palavras. Já a condenação aos crimes das ditaduras às quais o Brasil se dobra para espanto do mundo requer apenas dois atributos: coerência e solidariedade.
Independentemente da opinião eleitoral.
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
ALGUNS DADOS SOBRE A "HERANÇA" QUE O GOVERNO DE FHC DEIXOU
O Índice de Desenvolvimento Humano: um dos principais indicadores do nível de vida da população de um país cresceu muito mais durante o governo FHC.
Significa que a qualidade de vida do povo brasileiro melhorou de forma mais acelerada no governo anterior que no governo atual.
FHC: de 1995 a 2000 cresceu 7,62% ou 1,48% ao ano
Lula: de 2000 a 2007 cresceu 2,91% ou 0,41% ao ano
O Brasil só superou o crescimento médio mundial de 1995 a 2000.
Lula aproveita-se de um pouco do crescimento da época FHC nesta comparação devido à esparsidade dos dados.
Fonte: Dados oficiais da ONU
Acesso à Rede de água
O percentual de domicílios com acesso a rede de água potável encanada, condição básica à dignidade humana.
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 42,09% em número absoluto ou 4,49% ao ano
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 9,33% em proporção do total ou 1,12% ao ano
Lula: de 2002 a 2007 cresceu 19,22% em número absoluto ou 3,58% ao ano
Lula: de 2002 a 2009 cresceu 4,02% em proporção do total ou 0,57% ao ano
Fontes: Dados oficiais do IBGE
Acesso à Rede de esgoto
A quantidade de domicílios com acesso à rede de escoamento de esgoto é um critério essencial para a qualidade de vida da população.
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 55,16% em número absoluto ou 5,65% ao ano
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 19,23% em proporção do total ou 2,22% ao ano
Lula: de 2002 a 2007 cresceu 29,52% em número absoluto ou 5,31% ao ano
Lula: de 2002 a 2009 cresceu 14,62% em proporção do total ou 1,97% ao ano
Fontes: Dados oficiais do IBGE
Acesso à Energia elétrica
O percentual de domicílios com acesso à rede elétrica, outro critério essencial para a obtenção de um bom nível de qualidade de vida, cresceu muito mais rápido durante o governo anterior que no governo atual.
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 7,44% ou 0,90% ao ano
Lula: de 2002 a 2009 cresceu 2,48% ou 0,35% ao ano
Fontes: Dados oficiais do IBGE
Porcentagem de Domicílios com geladeira
O refrigerador tornou-se item essencial para a família. Mesmo assim, ainda existem domicílios que não possuem este eletrodoméstico. A proporção de domicílios com geladeira cresceu muito mais rápido durante o governo Fernando Henrique que no governo posterior.
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 20,75% ou 2,39% ao ano
Lula: de 2002 a 2009 cresceu 8,30% ou 1,15% ao ano
Fontes: Dados oficiais do IBGE
Porcentagem de Domicílios com telefone
O telefone era considerado um bem de difícil acesso, após a privatização do setor sua disponibilidade cresceu vertiginosamente. A tabela abaixo resume os dados de crescimento no acesso a linhas telefônicas nos últimos governos.
FHC: de 1994 a 2002 cresceu 224,21% ou 15,84% ao ano
Lula: de 2002 a 2009 cresceu 37,82% ou 4,69% ao ano
Fonte: Dados oficiais do IBGE
Evasão escolar: algo extremamente preocupante em qualquer sociedade, principalmente na idade normalmente associada ao ensino secundário - pode fazer uma diferença crucial na vida de uma pessoa. Enquanto o número de alunos entre 15 e 17 anos que não frequentavam a escola caiu dramaticamente durante o governo Fernando Henrique, este número permaneceu de maneira preocupante estável durante o governo Lula.
FHC: de 1994 a 2002 variou -51,44% ou -8,63% ao ano
Lula: de 2002 a 2007 variou -4,32% ou -0,88% ao ano
Fonte: Dados oficiais do IBGE
Acesso à universidade
É uma medida clara do desenvolvimento da educação em um país. Segundo o censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira fornece os dados a respeito.
FHC: de 1995 a 2002 o número de matrículas em instituições federais cresceu 44,65% ou 5,42% ao ano
Lula: de 2002 a 2008 o número de matrículas em instituições federais cresceu 20,97% ou 3,22% ao ano
FHC: de 1994 a 2002 o número total de matrículas no ensino superior cresceu 109,50% ou 9,69% ao ano
Lula: de 2002 a 2008 o número total de matrículas no ensino superior cresceu 45,98% ou 6,51
Dívida Pública Federal
Dívida pública federal ao final do governo FHC -12/2002: R$ 560.828.810.000,00
Dívida pública federal ao final do governo Lula -10/2010: R$ 985.808.530.000,00
Fonte: Dados oficiais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
A dívida pública federal líquida ao final do governo Lula é quase o dobro da dívida ao final do governo Fernando Henrique ao ano
Mais informações no: Governo Brasil
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
CHILIQUE DA DILMA
Paulo Panossian - JORNAL DO BRASIL (online)
Como aquela criança marrenta, rebelde, que quer porque quer, assim se apresentou a candidata Dilma Rousseff no bom formato do debate da Band. E pela primeira vez nesta campanha a petista se mostrou no seu estado natural – uma mulher brava, teimosa e de poucos amigos.A depressão pela não vitória no primeiro turno ficou expressa na reação da candidata, que surpreende acusando o Serra, de estar fazendo uma campanha suja contra ela. Mas a Dilma não detalhou os fatos. Jogou no ventilador da dúvida. Será que ela quis se referir às recentes denúncias, como a de ser favorável ao aborto e as falcatruas na Casa Civil? Estas, na realidade, não partiram da oposição. No primeiro caso, a comprovação está nas entrevistas que ela mesma concedeu. Já no caso que envolveu a ex-ministra Erenice Guerra, se não fossem verdadeiras as denúncias apresentadas pela imprensa, ela não teria sido demitida.Este fato respingou na Dilma, com consequência, nas urnas, porque, por sete anos, Erenice foi seu braço direito na Casa Civil. E por sua orientação, quando deixou o ministério, foi indicada para sucedê- la. Um fato novo surgiu, e talvez possa justificar a irritação de Dilma no debate da Band. A Folha de S. Paulo, em seu site do dia 11, divulgou informação de que a candidata petista teve um caso durante 15 anos com uma ex-empregada, e que esta entrou na justiça exigindo uma indenização. Talvez por isso Dilma tenha se insurgiu contra o candidato José Serra, no decorrer do evento, como se fosse o responsável por esta suposta calúnia. Na verdade, a Dilma não venceu no primeiro turno, porque tenha declarado sua posição a favor do aborto. Sua queda na preferência do eleitorado se deveu muito mais aos escândalos da Receita Federal, e da Casa Civil.Mas este chilique talvez até estratégico da petista, insistindo em atacar seu concorrente, impediu que outros temas importantes fossem abordados, frustrando os milhares de telespectadores. Mesmo assim, num dos poucos temas abertos como das privatizações, José Serra poderia ser mais enfático, e valorizar este programa patrocinado em grande parte pelo governo FHC.A retrógrada bandeira petista contra as privatizações não cola mais. E querer iludir o eleitorado dizendo que as estatais vendidas ao setor privado prejudicaram o povo e a economia brasileira é de uma inutilidade atroz. O Estado jamais foi capaz de administrar com eficiência as megaempresas, que sempre apresentavam prejuízos. E todas, sem distinção, eram na época uma fonte inesgotável de cabide de empregos, privilegiando os currais políticos.A reação do eleitorado com esta nova faceta de campanha da Dilma, abandonando o paz e amor e partindo para o ataque, ainda é uma incógnita. O que ficou claro no primeiro turno é que uma parcela importante da população brasileira está mais do que atenta aos graves acontecimentos divulgados pela imprensa e que envolvem nossas instituições, particularmente no Executivo e no Legislativo. Não fosse isso, os mais de 100 milhões de eleitores que depositaram seus votos nas urnas no dia 3 de outubro teriam sacramentado a vitória de Dilma, logo no primeiro turno.
domingo, 17 de outubro de 2010
ROSA DOS VENTOS
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
A conversa obviamente não é oficial, mas está adiantada: o PMDB já começou a reconstruir suas pontes com o PSDB para, na hipótese de uma vitória do tucano José Serra, assegurar participação no governo no papel semelhante ao que terá no caso de Dilma Rousseff ser a presidente eleita no próximo dia 31: avalista da governabilidade.
Exímio farejador da direção dos ventos, o partido que indicou o vice de Dilma avalia internamente que aumentaram muito as chances de Serra ser eleito presidente.
Pelo menos cinco sessões regionais do partido (Santa Catarina, Acre, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul) estão com a candidatura da oposição e outras três, Minas Gerais, Pará e Bahia, se não fazem campanha para o PSDB, para o PT também não fazem.
Consequência das mágoas do primeiro turno, quando, segundo as queixas dos peemedebistas, o partido foi tratado como gato borralheiro: deixado de lado, escondido, excluído da propaganda presidencial e das negociações sobre divisão dos espaços no futuro governo.
Como Dilma e Lula estavam com toda força e aparentemente com a vida ganha junto ao eleitorado, o PMDB ficou calado.
Quando as urnas revelaram uma realidade diferente, o partido viu que chegara a "hora do troco". No primeiro momento pensou apenas em melhorar seu cacife e o tratamento junto ao parceiro, já que o PT precisaria de muito apoio na segunda etapa.
Com o passar dos primeiros dias, o ambiente e as pesquisas começaram a desenhar um cenário em que a vitória da oposição ficou sendo uma possibilidade real.
Diante disso, aqueles dirigentes do PMDB mais identificados tradicionalmente com o PSDB, até por terem participado do governo Fernando Henrique Cardoso, cresceram de importância internamente.
Começaram a ser mais ouvidos enquanto ganhou corpo o discurso de que o partido foi tratado como "acessório de luxo" o tempo todo pelo PT.
Diante da situação de empate técnico retratada no fim da semana, o "pragmatismo de Brasília" - é a expressão literal - voltou a prevalecer. Ou seja: emissários acorrem à seara tucana ao mesmo tempo em que outro pedaço do partido continua fidelíssimo à candidatura de Dilma, esperando o resultado da eleição.
Quando Michel Temer, candidato a vice e presidente do partido, diz que será "inútil" a investida dos tucanos em busca de apoios dentro do PMDB sabe que não retrata a realidade.
Tanto que usa a seguinte frase para reafirmar a profissão de fé lulista: "Há um fechamento de todo o PMDB em torno de nossa candidatura."
Normal será que falasse "em torno da candidatura de Dilma", pois não? Pois é.
O partido não teme perder importância ao embarcar na canoa até então adversária, por dois motivos: primeiro, porque supõe que seja bem recebido pelo PSDB e, segundo, porque suspeita de que não teria participação mais que periférica em governo do PT, mesmo ocupando a Vice-Presidência.
As conversas sobre essa transposição de posições correm tão à vontade nas internas do PMDB que já são feitas avaliações a respeito das razões de o PT ter perdido o favoritismo.
Lá não se fala sobre voto religioso, efeito Marina Silva ou influência do escândalo Erenice Guerra. Para os peemedebistas todos esses fatores foram "instrumentos".
O motivo da mudança do clima, de acordo com essas análises, foi a ofensiva do presidente Lula contra os veículos de comunicação e a liberdade de expressão.
Aí, segundo o PMDB, Lula teria dado a Serra a chance que, sozinho e com uma campanha muito mal ajambrada, ele nunca teria.
Currículo. Não é a primeira vez que o instituto Vox Populi erra nas previsões eleitorais aos seus clientes, como aconteceu agora com o PT.
Na eleição municipal de 2008, o então governador de Minas, Aécio Neves, não gostou, e cobrou isso com todos os efes e erres da direção do instituto, com a previsão de que Márcio Lacerda levaria a Prefeitura de Belo Horizonte no primeiro turno.
Confiante, Aécio relaxou e por pouco Lacerda não perde para o candidato do PMDB.
A conversa obviamente não é oficial, mas está adiantada: o PMDB já começou a reconstruir suas pontes com o PSDB para, na hipótese de uma vitória do tucano José Serra, assegurar participação no governo no papel semelhante ao que terá no caso de Dilma Rousseff ser a presidente eleita no próximo dia 31: avalista da governabilidade.
Exímio farejador da direção dos ventos, o partido que indicou o vice de Dilma avalia internamente que aumentaram muito as chances de Serra ser eleito presidente.
Pelo menos cinco sessões regionais do partido (Santa Catarina, Acre, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul) estão com a candidatura da oposição e outras três, Minas Gerais, Pará e Bahia, se não fazem campanha para o PSDB, para o PT também não fazem.
Consequência das mágoas do primeiro turno, quando, segundo as queixas dos peemedebistas, o partido foi tratado como gato borralheiro: deixado de lado, escondido, excluído da propaganda presidencial e das negociações sobre divisão dos espaços no futuro governo.
Como Dilma e Lula estavam com toda força e aparentemente com a vida ganha junto ao eleitorado, o PMDB ficou calado.
Quando as urnas revelaram uma realidade diferente, o partido viu que chegara a "hora do troco". No primeiro momento pensou apenas em melhorar seu cacife e o tratamento junto ao parceiro, já que o PT precisaria de muito apoio na segunda etapa.
Com o passar dos primeiros dias, o ambiente e as pesquisas começaram a desenhar um cenário em que a vitória da oposição ficou sendo uma possibilidade real.
Diante disso, aqueles dirigentes do PMDB mais identificados tradicionalmente com o PSDB, até por terem participado do governo Fernando Henrique Cardoso, cresceram de importância internamente.
Começaram a ser mais ouvidos enquanto ganhou corpo o discurso de que o partido foi tratado como "acessório de luxo" o tempo todo pelo PT.
Diante da situação de empate técnico retratada no fim da semana, o "pragmatismo de Brasília" - é a expressão literal - voltou a prevalecer. Ou seja: emissários acorrem à seara tucana ao mesmo tempo em que outro pedaço do partido continua fidelíssimo à candidatura de Dilma, esperando o resultado da eleição.
Quando Michel Temer, candidato a vice e presidente do partido, diz que será "inútil" a investida dos tucanos em busca de apoios dentro do PMDB sabe que não retrata a realidade.
Tanto que usa a seguinte frase para reafirmar a profissão de fé lulista: "Há um fechamento de todo o PMDB em torno de nossa candidatura."
Normal será que falasse "em torno da candidatura de Dilma", pois não? Pois é.
O partido não teme perder importância ao embarcar na canoa até então adversária, por dois motivos: primeiro, porque supõe que seja bem recebido pelo PSDB e, segundo, porque suspeita de que não teria participação mais que periférica em governo do PT, mesmo ocupando a Vice-Presidência.
As conversas sobre essa transposição de posições correm tão à vontade nas internas do PMDB que já são feitas avaliações a respeito das razões de o PT ter perdido o favoritismo.
Lá não se fala sobre voto religioso, efeito Marina Silva ou influência do escândalo Erenice Guerra. Para os peemedebistas todos esses fatores foram "instrumentos".
O motivo da mudança do clima, de acordo com essas análises, foi a ofensiva do presidente Lula contra os veículos de comunicação e a liberdade de expressão.
Aí, segundo o PMDB, Lula teria dado a Serra a chance que, sozinho e com uma campanha muito mal ajambrada, ele nunca teria.
Currículo. Não é a primeira vez que o instituto Vox Populi erra nas previsões eleitorais aos seus clientes, como aconteceu agora com o PT.
Na eleição municipal de 2008, o então governador de Minas, Aécio Neves, não gostou, e cobrou isso com todos os efes e erres da direção do instituto, com a previsão de que Márcio Lacerda levaria a Prefeitura de Belo Horizonte no primeiro turno.
Confiante, Aécio relaxou e por pouco Lacerda não perde para o candidato do PMDB.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
A hora da verdade
Pelo menos dois fatores singulares marcaram a presente campanha eleitoral, distinguindo-a das anteriores. O primeiro foi o engajamento absoluto e sem precedentes do presidente da República, violando com frequência a lei, indiferente e mesmo irônico em relação às sucessivas multas que lhe impôs a Justiça Eleitoral.
O segundo foi o papel confuso que nela desempenhou o Supremo Tribunal Federal, transformando-se em órgão legislador e agente ativo do processo. Dele dependerá, inclusive, o voto final para a contabilização do resultado. Se decidir que a Lei da Ficha Limpa vale, a contagem será uma; se decidir o contrário, será outra.
Haja confusão. De quebra, o STF extinguiu o Título de Eleitor a três dias do pleito, revogando lei aprovada pelo Congresso – e perfeitamente constitucional -, sancionada pelo presidente da República. A lei, proposta pelo PCdoB, exigia que, além do Título, o eleitor apresentasse documento de identidade com foto. O PT engajou-se em sua aprovação. A uma semana do pleito, questionou-a. O STF o atendeu, dispensando o Título de Eleitor.
O mais interessante é que dois dos ministros que votaram pela extinção do Título – Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia – haviam votado três meses antes, no Tribunal Superior Eleitoral, em sentido contrário. Defenderam os dois documentos. Nunca antes neste país, se viu nada parecido, em ambos os casos – no de Lula e no do STF.
Voltemos a Lula. Seu poder de transferência de votos não pode ser questionado, sobretudo quando acrescido do uso desmedido da máquina administrativa. Sua candidata, Dilma Roussef, sozinha, não teria chances. Perderia para Plínio de Arruda Sampaio.
Lula a inventou, abdicando da condição de chefe de Estado para reassumir a de chefe de partido. Ao pedir que votassem em Dilma como se fosse nele próprio, não agiu muito diferente do ex-governador Joaquim Roriz, que disse o mesmo ao lançar sua esposa, Weslian Roriz, candidata em seu lugar ao governo de Brasília.
A diferença é que o casamento de Lula com Dilma é apenas político. Mas o princípio da terceirização em ambos os casos é o mesmo – e cargo público eletivo não é terceirizável.
Ainda que não vença no primeiro turno, como chegou a parecer inevitável, Dilma vai para o segundo como franca favorita, e não será fácil barrá-la. Lula continuará ocupando todos os espaços para elegê-la, não hesitando em engajar a máquina do governo na campanha. Se a Justiça não o inibiu até aqui, é improvável que o faça agora.
Já José Serra, provável oponente de Dilma na eventualidade de um segundo turno, conta, para reagir, com a adesão efetiva de seus correligionários, que, ao longo do primeiro turno, preocuparam-se mais em garantir a própria eleição que em ajudá-lo.
Todos temiam afrontar a popularidade de Lula e escondiam o presidenciável tucano. No segundo turno, esse risco não existe mais e isso fará muita diferença. Não é casual que Lula se empenhe tanto em decidir a eleição no primeiro turno. Segundo turno é outra eleição, com variáveis bem distintas.
O crescimento de Marina Silva, tirando votos de Dilma, preocupa o PT. Independentemente do que Marina disser, a maioria de seus eleitores – 51%, segundo o Datafolha -, se alinhará com Serra. E ela, que deixou o governo Lula em atrito com Dilma, terá dificuldades políticas em voltar ao leito anterior.
As eleições estão aí – e a hora da verdade vale não apenas para os candidatos, mas também para os institutos de pesquisa, cujo protagonismo na campanha foi outro fenômeno sem precedentes. É hora de conferir.
Fonte: Blog do Noblat - artigo de Ruy Fabiano
O segundo foi o papel confuso que nela desempenhou o Supremo Tribunal Federal, transformando-se em órgão legislador e agente ativo do processo. Dele dependerá, inclusive, o voto final para a contabilização do resultado. Se decidir que a Lei da Ficha Limpa vale, a contagem será uma; se decidir o contrário, será outra.
Haja confusão. De quebra, o STF extinguiu o Título de Eleitor a três dias do pleito, revogando lei aprovada pelo Congresso – e perfeitamente constitucional -, sancionada pelo presidente da República. A lei, proposta pelo PCdoB, exigia que, além do Título, o eleitor apresentasse documento de identidade com foto. O PT engajou-se em sua aprovação. A uma semana do pleito, questionou-a. O STF o atendeu, dispensando o Título de Eleitor.
O mais interessante é que dois dos ministros que votaram pela extinção do Título – Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia – haviam votado três meses antes, no Tribunal Superior Eleitoral, em sentido contrário. Defenderam os dois documentos. Nunca antes neste país, se viu nada parecido, em ambos os casos – no de Lula e no do STF.
Voltemos a Lula. Seu poder de transferência de votos não pode ser questionado, sobretudo quando acrescido do uso desmedido da máquina administrativa. Sua candidata, Dilma Roussef, sozinha, não teria chances. Perderia para Plínio de Arruda Sampaio.
Lula a inventou, abdicando da condição de chefe de Estado para reassumir a de chefe de partido. Ao pedir que votassem em Dilma como se fosse nele próprio, não agiu muito diferente do ex-governador Joaquim Roriz, que disse o mesmo ao lançar sua esposa, Weslian Roriz, candidata em seu lugar ao governo de Brasília.
A diferença é que o casamento de Lula com Dilma é apenas político. Mas o princípio da terceirização em ambos os casos é o mesmo – e cargo público eletivo não é terceirizável.
Ainda que não vença no primeiro turno, como chegou a parecer inevitável, Dilma vai para o segundo como franca favorita, e não será fácil barrá-la. Lula continuará ocupando todos os espaços para elegê-la, não hesitando em engajar a máquina do governo na campanha. Se a Justiça não o inibiu até aqui, é improvável que o faça agora.
Já José Serra, provável oponente de Dilma na eventualidade de um segundo turno, conta, para reagir, com a adesão efetiva de seus correligionários, que, ao longo do primeiro turno, preocuparam-se mais em garantir a própria eleição que em ajudá-lo.
Todos temiam afrontar a popularidade de Lula e escondiam o presidenciável tucano. No segundo turno, esse risco não existe mais e isso fará muita diferença. Não é casual que Lula se empenhe tanto em decidir a eleição no primeiro turno. Segundo turno é outra eleição, com variáveis bem distintas.
O crescimento de Marina Silva, tirando votos de Dilma, preocupa o PT. Independentemente do que Marina disser, a maioria de seus eleitores – 51%, segundo o Datafolha -, se alinhará com Serra. E ela, que deixou o governo Lula em atrito com Dilma, terá dificuldades políticas em voltar ao leito anterior.
As eleições estão aí – e a hora da verdade vale não apenas para os candidatos, mas também para os institutos de pesquisa, cujo protagonismo na campanha foi outro fenômeno sem precedentes. É hora de conferir.
Fonte: Blog do Noblat - artigo de Ruy Fabiano
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)